AMOR RECÍPROCO

“As paixões são como ventanias que enfurnam as velas dos navios, fazendo-os navegar; outras vezes podem fazê-los naufragar, mas se não fossem elas, não haveria viagens nem aventuras nem novas descobertas.” – Voltaire

Depois de um período de crença na união eterna, a vida vem e nos atropela. Vem mostrar que depois que lutamos tanto por liberdade e tornamos tão fácil o casar e descasar, manter as relações por tempos longos precisa apenas e tão somente, que seja um desejo, concreto, de ambas as partes, é claro.

No meu entender, antigamente os casamentos podiam ser mantidos apenas por um dos lados, geralmente o lado da mulher que calava e aceitava, contornava e se submetia as vontades de seu “amo”.

Depois de queimarmos nossos sutiãs, também queimamos essa falsa responsabilidade que foi impingida a mulher, de ser a apaziguadora e pilar da manutenção do “lar e da família”.

Agora a responsabilidade é igual para os dois lados e aí, ficou mais complicado.

As relações são verdadeiros palcos de aprendizado para benevolência, generosidade, altruísmo, entrega e acima de tudo crença de que, juntos, poderemos conquistar o mundo.

Um sentimento como esse tem que ser encarado como algo precioso e que deve ser tratado com toda a diligência e sobriedade que uma proposta como essa impõe.

O erro são as distorções de visão que o amor é capaz de criar. A tal da cegueira diante dos fatos. O se iludir, se deixar enganar.

Seu amor é tanto que você não quer enxergar que algumas vezes o outro não tem a mesma intenção que você. Ou então, o pior, você acredita que seu amor é grande o suficiente para contagiar seu ser amado.

Fica determinado, portanto, que não resta outro destino a não ser amargura, angústia e uma ansiedade de levar qualquer um a loucura.

Por mais que você não queira, cobra. É natural. Afinal você está lutando por algo que acredita ser recíproco e verdadeiro.

Pronto, está determinado o final.

De repente, a ficha cai. Algumas vezes o outro comete grandes erros e você passa por cima, em nome dessa crença, mas tem um momento qualquer que dá um clic, uma frase boba, uma palavra jogada, uma falta numa hora importante (amor é presença) e você se toca que quem está cometendo um grande erro é você mesmo.

Aí o tombo é grande. Ter que se convencer que sempre esteve errado. Perceber o quanto você deve ter tornado a vida desconfortável para o seu amor, por somente cobrar o que nunca foi disposto a ser pago.

Resta então, a coragem de partir mesmo que por dentro, esse amor ainda grite e implore pelo ser amado.

E a vida continua… As crenças, erros, acertos e quem sabe assim, chegar onde se espera.

A melhor cura para o amor é ainda aquele remédio eterno: amor retribuído – Nietzsche

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